Tenho quase 26 anos, e não sei o que quero da vida. Sim, eu tenho um diploma. Tenho saúde, pelo que dizem os últimos exames. No entanto, tenho sono. Um sono louco e arrebatador. Sono das pessoas. Dos últimos hits do rádio. Das comidas do Instagram. Das frases feitas com um questionável espírito motivacional. Nossa, essas me fazem bocejar. E salivar de ódio. Mas, veja bem, meu bem, eu tenho amor no coração. Eu sou amor da cabeça aos pés. E umas pílulas para ativar serotonina. Se você sabe o que quer da vida, esse texto não é para você. A propósito: pegue sua medalha de maior ser humano na saída. De nada, foi um agrado do meu eu John Lennon a você.
Os boletins do John diziam, na época, que ele era irrecuperável. John era um adolescente bizarro e sem nenhuma perspectiva. Porra, queria ser ele. E ter composto Strawberry Fields Forever. John não sabia para onde ia, mas entrou para a história. Quem sabe eu também consiga. Pensando sobre isso, me vem à cabeça aquela ideia de que deve haver nem que seja uma direção. Tudo bem não saber agora, mas tentar não ficar parado também é importante. Ele gostava de música e formou uma banda. Ok, vai lá, John. Eu sei que não quero marido nem filhos. Ok, Bruna, vai lá. Ou melhor, não vai. Fique longe desse projetinho de família tradicional que tanto lhe causa pânico: mantenha distância de chás de bebê chatíssimos e grupos de casais da igreja mais próxima. Será que eu sei mesmo o que quero? Eu queria fazer sentido - não para milicos, sabe, mas para mim mesma. Eu quero mais, bem mais do que isso que me venderam a vida inteira. Ou menos, vai saber. Menos é mais, dizem.
É claro que rolam objetivos aqui. Estão meio empoeirados na estante, mas seguem lá. Perdoem-me pela comparação escrota, mas a meta precisa existir - nem que a tal seja matar um cantor que cantava pela paz na frente do edifício onde ele morava, fazendo gurias instáveis emocionalmente chorarem de tristeza ao lembrarem disso, em uma noite de tensão pré-menstrual, quase 35 anos depois do ocorrido. Mina louca essa, quem será? A meta tem que existir - só não matem pessoas, muito menos rockstars, se possível. A minha meta está bem encaminhada. Mas eu quero mais. Eu quero arte, conversar com pessoas interessantes, caras com cara de príncipe caído cheirando a whisky. Ou uma metáfora disso. Eu quero metáforas. Quero rock. Quero morrer de dançar. Quero tomar todas. Quero um conto. Quero contar com alguém que me inspire e me faça vender livros. Mas eu não quero só vender. Quero que as vendas caiam. E meu sutiã também. Quero uma estrada que dê para algum lugar, mas que isso não seja só um lugar.
Você está louca, querida.
Auxiliou no post:
Road to nowhere - Talking Heads
Os boletins do John diziam, na época, que ele era irrecuperável. John era um adolescente bizarro e sem nenhuma perspectiva. Porra, queria ser ele. E ter composto Strawberry Fields Forever. John não sabia para onde ia, mas entrou para a história. Quem sabe eu também consiga. Pensando sobre isso, me vem à cabeça aquela ideia de que deve haver nem que seja uma direção. Tudo bem não saber agora, mas tentar não ficar parado também é importante. Ele gostava de música e formou uma banda. Ok, vai lá, John. Eu sei que não quero marido nem filhos. Ok, Bruna, vai lá. Ou melhor, não vai. Fique longe desse projetinho de família tradicional que tanto lhe causa pânico: mantenha distância de chás de bebê chatíssimos e grupos de casais da igreja mais próxima. Será que eu sei mesmo o que quero? Eu queria fazer sentido - não para milicos, sabe, mas para mim mesma. Eu quero mais, bem mais do que isso que me venderam a vida inteira. Ou menos, vai saber. Menos é mais, dizem.
É claro que rolam objetivos aqui. Estão meio empoeirados na estante, mas seguem lá. Perdoem-me pela comparação escrota, mas a meta precisa existir - nem que a tal seja matar um cantor que cantava pela paz na frente do edifício onde ele morava, fazendo gurias instáveis emocionalmente chorarem de tristeza ao lembrarem disso, em uma noite de tensão pré-menstrual, quase 35 anos depois do ocorrido. Mina louca essa, quem será? A meta tem que existir - só não matem pessoas, muito menos rockstars, se possível. A minha meta está bem encaminhada. Mas eu quero mais. Eu quero arte, conversar com pessoas interessantes, caras com cara de príncipe caído cheirando a whisky. Ou uma metáfora disso. Eu quero metáforas. Quero rock. Quero morrer de dançar. Quero tomar todas. Quero um conto. Quero contar com alguém que me inspire e me faça vender livros. Mas eu não quero só vender. Quero que as vendas caiam. E meu sutiã também. Quero uma estrada que dê para algum lugar, mas que isso não seja só um lugar.
Você está louca, querida.
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Road to nowhere - Talking Heads
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