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Pingos nos is

            Tá, agora é sério, vamos colocar os pingos nos is. Vou falar umas verdades e não quero escutar um pio no recinto. Desde que cheguei ao mundo - em agosto de 89 - notei que há uma eterna briga no meio musical, a fim de outorgar quem é ruim, quem é genial, quem é clássico, quem é escroto, quem vale o preço do ingresso, quem não vale nem um centavo e por aí vai. Não condeno o fato de haver essa segregação natural entre ''escutadores de música''. É da vida, ótimo, estamos conversados. Mas muito me intrigam os critérios para classificar algo como fantástico e outro algo como apenas medíocre. Aqui vai um segredo em primeira mão: não há critérios. Há bagunça, uma miscelânea sem volta, isso sim.
            Depois de refletir um bocado sobre o porquê de as coisas serem como são, me surpreendi com a conclusão que se aninhou em minha cabecinha castanha: vamos nos permitir escutar o que der na telha, o ritmo que agrada aos ouvidos e ao coração, o resto é discursinho de reacionário - e isso a gente deixa nos anos 60. Cansei de mané querendo pagar de cult, enchendo a boca para dizer que gosta da banda lá de não sei onde só porque metade dos mortais com que convive não conhece tal "preciosidade" - cuja grande parte da genialidade provem de carreiras infinitas de pó. Cansei da mídia e das trilhas sonoras da televisão aberta querendo enfiar goela abaixo músicas chatinhas, sendo que tem por aí muito mais pagode e sertanejo bacana para se escutar - e dançar! Cansei até mesmo das minhas ideias antiquadas e das minhas conclusões fajutas a respeito. Se eu louca da vida, aqui, escutando "Love in this club", do tal Usher - que, em seu ápice de sedução, canta que "quer pegar a gata e fazer amor nessa boate" - quem sou eu para tripudiar em cima do Teló, que só tentando levar a gatinha dele para conhecer sua humilde residência? Não procede.
             Guns é clássico! Indie é porcaria! Madonna é a verdadeira rainha! A voz da Britney é sofrível! Metal é só gritaria! Sertanejo é um lixo! Beatles é unanimidade! Quem certo e quem errado? Quem tem razão? Quem é digno de crédito? Grande porcaria! Tirando alguns poucos sortudos que são pagos para criticarem e darem veredictos sobre bandas e canções, a maioria é chato tentando fazer lavagem cerebral. Penso que a tal música é o exercício mais genuíno de nossas contradições. Por exemplo? Nada contra o gostosinho do Jim, mas acho The Doors um saco saquíssimo - ainda que Light my fire, literalmente, consiga me incendiar. Fiquei feliz da vida quando soube que Edson e Hudson voltaram a ser uma duplinha sertaneja. E um dos caras que sabe me acalmar atende pela alcunha de Frederic Chopin. Pra que fanatismo? Isso é coisa de gente chata. Sejamos conhecedores, curiosos. Não, generais.


         

Comentários

Unknown disse…
GOSTO NÃO SE DISCUTE! EH, EU SEI... ESSA FRASE DE TÃO BATIDA JAH EH RIDÍCULA! MAS CADA UM SABE O Q SEU OUVIDO QUEH ESCUTAR (OU ATEH ONDE ELE CONSEGUE SUPORTAR)! TRILHA SONORA DE NOVELA PRA MIM EH "UÓ"! DEPOIS DE "SOME ONE LIKE YOU" SE TORNAR CONHECIDA COMO O "TEMA DA GRISELDA E RENE DA NOVELA" AO INVÉS DE, PELO MENOS, "A MÚSICA DA ADELE" OU " MÚSICA DAQUELA GORDINHA DO VOZEIRÃO", NÃO!!!!! MAS..."GOSTO NÃO SE DISCUTE", NEH?! BJS.
Bruna Castro disse…
Pois é, Edu, fazer o que, né? O negócio é conviver com essa "imperfeição"... reitero a posição; música é expressão genuína das nossas contradições...

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