Quando leio esse “quem sou eu” aí do lado, dou uma mordiscada marota no lábio inferior e gargalho por
dentro. Honestamente, foi-se o tempo em que eu me importava com definições, com
respostas prontas para pessoas que nem me conhecem. Sou isso aí, uma curiosa,
uma andarilha, um nada no planeta, um tudo no meu planetinha, uma filha. Sou morena,
mas, às vezes, posso ser grisalha. Quase sempre sou canalha. Comigo mesma.
É do fundo do coração, eu
não dou a mínima. Eu amo ser assim. Também odeio ser assim. Mas é o que temos
para o momento: trata-se de um irresistível casamento. Tem dias em que eu não
sei que parte ficou dormindo e qual saiu para a rua, mas para que perder tempo útil
de vida tentando definir a tua? Se martirizando com rótulos? Sou jornalista, e
não sou fanática por café. Sou adulta, e amo rir fora de hora. Vê se colabora
com meu riso, é tudo improviso.
Se eu
escrevo que “foi-se o tempo”, é porque ele existiu. E até resistiu. Tempinho imprestável:
tratei de matá-lo; ele riu. Agora, somos amigos, típicos amigos de protocolo.
Não é para ele que eu peço colo. Conviver bem com a minha indefinição, hoje,
para mim, é lei. Eu quero é sorrir na frente do espelho, mesmo sem ter respostas
para aquilo que me fez perder o sono. Eu quero é sorrir sem ter motivo. Ou talvez
por perceber que, apesar de tudo, sobrevivo.
Rimas
cretinas para um dilema eterno. Eu sou o que posso, o que quero, o que me obrigo,
o que me satisfaz, o que quase ninguém entende. Eu sou isso aí. Esse isso
ambulante, esse isso errante, esse isso apaixonante, esse isso detestável. Eu
insisto em ser amável. Eu grito You oughta know, da Alanis, eu grito Cry baby, da Janis, mas susurro Me and Mrs. Jones. Eu sou um pouco Bridget Jones. Eu sou soul mais que rock. Sou mais palavra que toque, mas uma dica: não me provoque, pois sou agridoce, sou um doce.
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