Fiquei quase um mês sem vir aqui. Sei lá, precisava de férias. Tá, é mentira, minha
inspiração anda num limbo desgraçado. Pela primeira vez, não sei sobre o que
escrever, abro vários rascunhos, e não termino nenhum. Vou até a janela, coloco
os hermanos para tocar - a fim de ver
se minha veia parnasiana inútil e decorativa brota - e nada. Como uma barra de
chocolate inteira, rezo para que o cacau não se converta em erupções cutâneas,
imagino um post polêmico sobre como nós, minas, somos escravas da ditadura da
beleza, mas quem diz que eu ando com paciência para sentar a bunda na cadeira e
escrever minhas abobrinhas de sempre? Eu sei que vocês andam com saudade da
chata, vulgo eu. De mim e minhas metáforas sem sentido. Eu sei, podem parar com
o muxoxo, sei que a-do-ram vir aqui e me odiar... ou rir dos meus assuntos nada
convencionais... tudo bem, já entendi que sou um mal necessário em vossas tardes
de trabalho tediosas. Por isso, eu volto. Revolto.
Dia
desses, me perguntaram por que não publico matérias jornalísticas e coisas do
gênero aqui, uma vez que sou jornalista formada e etecetera e talz. Aí eu fiz a
cara de sonsa que caracteriza meu desprezo honesto e expliquei paulatinamente
que... hum... bom... er, a vida real já tem espaço demais por aí. Esse blog é a
casa na árvore que eu não tive, porque morava num concreto armado sem fim. Eu
uso a realidade como matéria-prima, lógico, mas gosto de ser uma artesã
desaforada nesse propósito. Leio jornais diversos, assisto a meus teles preferidos,
mas na hora de vir escrever minhas ladainhas aqui... poxa, deixa a babaquice da
rotina fora disso, né? Ser sério é ótimo, uma prova de maturidade, mas enche o
saco.
Tirando
esse causo sobre a pergunta intrigante, não tenho nada para contar. Poderia
falar de Olimpíadas e de como me sinto magnetizada por eventos esportivos em
que a bandeira verde-amarela do meu país ganha representatividade. Poderia
falar sobre como me agrada que as cotas sejam mantidas em instituições federais
de ensino como a UFRGS. Poderia falar de como as polainas seguem sendo um hit
imbatível no inverno, ainda que tenham passado por um período de ostracismo
fashion - após a aparição meteórica na fosforescente década de 80. Poderia falar
de tudo isso, mas, né? Vou ali na janela fazer um rapel esperto, ao som de ''Nothing else matters'', para brindar essa noite estrelada com um pouco de
adrenalina leonina da boa. Fui.
Comentários