Brasileiro só aceita título se for de campeão. E eu sou brasileiro. (Ayrton Senna)
Mas o meu coração é brasileiro... (Natiruts)
(...) pouco executado pelas rádios brasileiras, Tom Jobim só encontrava o reconhecimento e os prêmios no Exterior. Dizia que o único país onde o atacavam era o Brasil. Uma vez lhe perguntaram por que sempre retornava.
- Volto para me aporrinhar. Para responder a esse tipo de pergunta. Para ser um dos 5% de brasileiros que pagam imposto de renda. Para perder o apetite ou morrer de indigestão. Volto porque nunca saí daqui – retrucou.
De repente, eu tava ali, com a face sendo inundada por lágrimas, e o fato é que nem queria me conter. Poxa, finais olímpicas em que o Brasilzão é protagonista me fascinam um bocado. Me extasiam profundamente, pois, ali, na quadra, há um engrandecimento de uma pátria constantemente espezinhada. Maltratada. Seguidamente, pelos seus próprios filhos, aliás. Ali, no braço, na superação do atleta, por vezes desconhecido, surge um ímpeto de gritar que – caraca - eu sou muito brasileira! Eu sou brasileira! Bra-si-lei-ra. E com orgulho. Sou de um Brasil corrupto, sim, em que falta boa vontade política, em que há uma violência aterrorizante. De um Brasil, cujo passado é nebuloso e marcado pelo colonialismo e pela exploração, mas, ainda assim, é o meu país, é a minha raiz. Mesmo com tantos defeitos, o ufanismo é infinitamente maior, uma vez que estamos irremediavelmente ligados por uma sina, por uma gênese que se impõe - se indigna, grita e não tem medo de cara feia.
Naquele momento em que vejo o herói olímpico suplantar a falta de investimento, a mediocridade de quem torce pelo adversário, a falta de apoio governamental, a dificuldade diária dos treinos – em detrimento de sua família e sua vida pessoal – me sinto retratada naquela epopeia, naquela batalha para honrar uma bandeira, pois eu recordo o tanto de coisa boa que carrega o DNA tupiniquim também, caramba! Eu sou gaúcha, adoro viver nesse estado incrivelmente abagualado, mas, poxa, sou muitíssimo mais brasileira. Sou honesta em assumir que nos merecemos - eu e essa minha pátria intrigante. E, como disse, apesar de todos os pesares, sinto extrema satisfação de dizer que sou daqui. Da terra do inventivo Santos Dumont, do dínamo das pistas, Ayrton Senna, dos combativos Tiradentes e Chico Mendes...
Sou do Brasil dos pampas, do pantanal e do litoral fabuloso. Eu sou do Brasil de Bentinho e Capitu, do regionalismo torto de José de Alencar e de Castro Alves. Sou do Brasil do Chico, do Caetano, do Cartola, do Noel, e do Zé Kéti. Sou do Brasil do pão de queijo e do churrasco. Sou do Brasil de Ouro Preto e dos Lençóis Maranhenses. Sou do Brasil de Arariboia, do Brasil de Zumbi dos Palmares. Sou do Brasil dos candangos, dos retirantes, dos bandeirantes e dos barões, como o de Mauá. Sou do Brasil de Portinari, Tarsila e Aleijadinho. Do Brasil contraditório de Chateaubriand, Rui Barbosa, Yolanda Penteado, Oswaldo Cruz, Prestes e Lampião. Sou desesperadamente do Brasil que me acolhe. Sou e não nego.
Mas o meu coração é brasileiro... (Natiruts)
(...) pouco executado pelas rádios brasileiras, Tom Jobim só encontrava o reconhecimento e os prêmios no Exterior. Dizia que o único país onde o atacavam era o Brasil. Uma vez lhe perguntaram por que sempre retornava.
- Volto para me aporrinhar. Para responder a esse tipo de pergunta. Para ser um dos 5% de brasileiros que pagam imposto de renda. Para perder o apetite ou morrer de indigestão. Volto porque nunca saí daqui – retrucou.
De repente, eu tava ali, com a face sendo inundada por lágrimas, e o fato é que nem queria me conter. Poxa, finais olímpicas em que o Brasilzão é protagonista me fascinam um bocado. Me extasiam profundamente, pois, ali, na quadra, há um engrandecimento de uma pátria constantemente espezinhada. Maltratada. Seguidamente, pelos seus próprios filhos, aliás. Ali, no braço, na superação do atleta, por vezes desconhecido, surge um ímpeto de gritar que – caraca - eu sou muito brasileira! Eu sou brasileira! Bra-si-lei-ra. E com orgulho. Sou de um Brasil corrupto, sim, em que falta boa vontade política, em que há uma violência aterrorizante. De um Brasil, cujo passado é nebuloso e marcado pelo colonialismo e pela exploração, mas, ainda assim, é o meu país, é a minha raiz. Mesmo com tantos defeitos, o ufanismo é infinitamente maior, uma vez que estamos irremediavelmente ligados por uma sina, por uma gênese que se impõe - se indigna, grita e não tem medo de cara feia.
Naquele momento em que vejo o herói olímpico suplantar a falta de investimento, a mediocridade de quem torce pelo adversário, a falta de apoio governamental, a dificuldade diária dos treinos – em detrimento de sua família e sua vida pessoal – me sinto retratada naquela epopeia, naquela batalha para honrar uma bandeira, pois eu recordo o tanto de coisa boa que carrega o DNA tupiniquim também, caramba! Eu sou gaúcha, adoro viver nesse estado incrivelmente abagualado, mas, poxa, sou muitíssimo mais brasileira. Sou honesta em assumir que nos merecemos - eu e essa minha pátria intrigante. E, como disse, apesar de todos os pesares, sinto extrema satisfação de dizer que sou daqui. Da terra do inventivo Santos Dumont, do dínamo das pistas, Ayrton Senna, dos combativos Tiradentes e Chico Mendes...
Sou do Brasil dos pampas, do pantanal e do litoral fabuloso. Eu sou do Brasil de Bentinho e Capitu, do regionalismo torto de José de Alencar e de Castro Alves. Sou do Brasil do Chico, do Caetano, do Cartola, do Noel, e do Zé Kéti. Sou do Brasil do pão de queijo e do churrasco. Sou do Brasil de Ouro Preto e dos Lençóis Maranhenses. Sou do Brasil de Arariboia, do Brasil de Zumbi dos Palmares. Sou do Brasil dos candangos, dos retirantes, dos bandeirantes e dos barões, como o de Mauá. Sou do Brasil de Portinari, Tarsila e Aleijadinho. Do Brasil contraditório de Chateaubriand, Rui Barbosa, Yolanda Penteado, Oswaldo Cruz, Prestes e Lampião. Sou desesperadamente do Brasil que me acolhe. Sou e não nego.
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