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Sobre compromisso, sacrifícios em nome do amor, Bruna sendo vaca

Hoje, o dia é dos 124 anos da Proclamação da República, mas a noite é dos solteiros. Não, pera, viajei. Aqui, onde me encontro, cai uma chuvinha marota no momento - o que eu considero um convite à reflexão. Logo, convido vocês e o Deodoro para uma prosa descompromissada. Descompromisso, mas que palavra fabulosa.

Compromisso é o tipo de palavra que me apavora. É forte o embate interior, não me perguntem o porquê, já disse, um dia resolverei isso - ou não - com umas sessões de análise. Claro, para os rotuladores de plantão, não passarei, euzinha, de uma irresponsável, uma doidivanas, uma hippie. Mas eu acho que não é bem por aí, penso que a confissão não me descredibiliza muito, sabe. É que compromisso lembra contrato, que lembra cláusula, que lembra.... vixe, chega. Ninguém gosta de amarras, por mais que seja fã de um discursinho cheio de protocolos, enquanto tenta elevar seu marketing pessoal. É claro que, querendo ou não, acabamos criando vínculos, compromissos, rotinas, um contrato de leitura com a nossa audiência, mas penso que isso acaba sendo uma contingência, aquela coisa da qual, se tivéssemos opção, fugiríamos. Não aquilo para o que abrimos o peito, os sentidos, os olhos, os desejos mais entranhados e dizemos: venha. Os sentimentos são livres - pássaros em voo - já diria aquele ser incrível chamado Mário Quintana.


Pegando carona na ideia, vocês não acham curioso quando escutam frases do tipo "amigo que é amigo, faz tal coisa''? Ou, quem sabe, ''amor que é amor, não faz tal coisa''? Acho que vem bem ao encontro do que eu dizia, aquela coisa do compromisso como forma de sacrifício, de anulação (tá, eu não falei acima, mas agora tô falando), de se perder na busca por preservar uma convenção, um rótulo. Eu me enervo quando sou agraciada com alguma fala do tipo. E tenho muitos bons amigos, a despeito do que vou escrever mais adiante, se querem saber.
Mas, cara, amigo erra. Amigo tem preguiça. Amigo, simplesmente, às vezes, não quer te ver, porque não está a fim. Amigo não é uma entidade, amigo é humano. E humanos são isso aí que são mesmo, e não deixam de ser menos fascinantes por isso.
Ah, quanto ao amor... ah, o amor... o amor idem, pessoal. É claro que cada caso é um caso (como não amar clichês?), mas, no geral, se é para ficar junto, dividir uma vida, um cotidiano, é necessário que haja leveza, riso (muito riso, por obséquio), uma gratuidade que não se sabe explicar. Se a criatura já vem falando que eu preciso falar menos, gostar de aipo e ter doutorado, é porque talvez não queira ficar comigo de verdade. Vocês podem até achar que amor é sacrifício e etc, mas eu, como boa hedonista que sou, não levanto tal bandeira, não.


Vejam bem, se tem uma coisa da qual eu faço questão na vida, é a de ser extremamente educada com todo ser humano que me contate. Eu não abro mão. Também não sou educada somente com quem é comigo. Quando me tratam mal, eu faço questão de retribuir sendo amável (x10). Não é samaritanismo barato, só sei que, por enquanto, gosto de viver assim. É divertido.
Mas, hein? Só não vem me oferecer promoção via telefone, sério, eu não gosto de promoções. Eu não gosto de p r o m o ç õ e s. Eu não quero comprar nada. Eu não quero vender a alma ao Tinhoso para ter o celular do momento.

- Moça, estamos com uma promoção aqui do jornal...

- Er, eu já assino o jornal de vocês, moço. Serião.

- Bom, mas aqui não há registro de assinatura com esse número para o qual eu liguei...

- He he, tá... assim... é que na verdade eu tô mentindo, sabe? E não tô com tempo pra promoção, beijo pra ti.


Eu, que sou uma flor de condescendência, também sei ser bem vaquinha.








Comentários

San disse…
hahahaha
deu uma descambada no final... mas caso não tivesse, não teria sido vaquinha!!
Pequena genealidade. ;)
Bruna Castro disse…
Hehehe! Poxa, Sandrinha, obrigada demais pelas palavras! E por me incentivar a escrever! <3

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