Não sou perita em filmes de drama – ainda não ultrapassei a fase de encantamento pelos de comédia romântica – mas também totalmente leiga não sou, portanto, posso dar meu pitaco sobre alguns filmes clássicos do gênero como, por exemplo, “E o Vento Levou”, de 1939. A história narra a saga da heroína Scarlett O’Hara, que passa por poucas e boas até reerguer o império sulista de sua família, arruinado após a derrota na Guerra da Secessão. E, nos momentos decisivos de sua trajetória, sempre vigiada (e “protegida”) pelo forasteiro milionário Rhett Butler – que ela descobre, vejam só, ser seu grande amor, porém um pouco tarde. Realmente, a derradeira cena do filme, em que Butler , cansado de flagrá-la chorando por outro homem, a deixa desconsolada na escada da mansão em que viviam, é de cortar o coração.
Confesso, chorei de uma maneira pouco usual, vendo Mr. Clark Gable, seu intérprete, proferir tais palavras: “Frankly, my dear, I don’t give a damn”, e sair porta afora. Em bom português, era a resposta dele, para a pergunta de sua ex-amada, que acabara de lhe indagar o que seria dela, sem ele, agora que tinha visto o quanto lhe queria. Algo como um “Francamente, minha querida, eu não dou a mínima”, cheio de mágoa e de convicção, pois, de fato, a mimada da Scarlett o fez de bobo, eu diria que, a história toda. Porém, ainda que ela merecesse o ônus de suas atitudes, me coloquei no lugar daquela mulher arrependida, que teve o homem de sua vida sempre perto e não deu o devido valor, e desandei. Sabe, como esses filmes são cheios de metáforas, ampliei o contexto da situação e vi que a gente tem mesmo esse costume idiota, como o da personagem da saudosa Vivien Leigh, de se dar conta das coisas, tarde demais. Nem sempre, mas com grande frequência.
Confesso, chorei de uma maneira pouco usual, vendo Mr. Clark Gable, seu intérprete, proferir tais palavras: “Frankly, my dear, I don’t give a damn”, e sair porta afora. Em bom português, era a resposta dele, para a pergunta de sua ex-amada, que acabara de lhe indagar o que seria dela, sem ele, agora que tinha visto o quanto lhe queria. Algo como um “Francamente, minha querida, eu não dou a mínima”, cheio de mágoa e de convicção, pois, de fato, a mimada da Scarlett o fez de bobo, eu diria que, a história toda. Porém, ainda que ela merecesse o ônus de suas atitudes, me coloquei no lugar daquela mulher arrependida, que teve o homem de sua vida sempre perto e não deu o devido valor, e desandei. Sabe, como esses filmes são cheios de metáforas, ampliei o contexto da situação e vi que a gente tem mesmo esse costume idiota, como o da personagem da saudosa Vivien Leigh, de se dar conta das coisas, tarde demais. Nem sempre, mas com grande frequência.
Resumindo, a gente perde, se descabela e quase sempre culpa outras pessoas pelos nossos fracassos particulares. Mas voltando ao roteiro, e, especificamente, à cena recém comentada, dá um aperto no coração ver que o casal protagonista não termina junto. Na primeira vez em que vi, foi como levar um soco na boca do estômago: “Peraí, volta, Rheeeeeett, essa desnaturada sempre gostou de ti, mas o orgulho dela a impedia de ver isso”, pensava entre lágrimas e susto. Para um filme hollywoodiano do início do século passado, nada mal fugir do estereótipo de que tudo que é história de amor termina com um final feliz, mas reconheço que fiquei um tanto prostrada com a separação tão repentina dos dois. Não era indignação, tampouco raiva, mas um profundo sentimento de abatimento. Por um filme? Sim, por um filme, que conseguiu calar fundo em mim e reafirmar aquela velha certeza de que tudo passa e tudo também pode mudar, por mais triste ou feliz que seja a circunstância.
Pois é, até o maior dos amores acaba. Até o mais apaixonado dos homens e a mais apaixonada das mulheres cansam de mendigar atenção. A comparação é muito bem-vinda, se analisarmos que o personagem de Gable somente tinha olhos para a donzela em questão, mas, de repente, se dá conta de que nenhum amor vale tanta humilhação, tanta perda de amor próprio, deixando-a, justamente, quando a fulana teve uma iluminação do além que dizia que ele era o amor de sua vida. Talvez, por isso o filme seja o sucesso que é: na busca por entender como um amor que parecia tão sólido morreu, as pessoas acabam se solidarizando, potencializando o drama, procurando assimilar o cinema como tem de ser, poeticamente. O fato é que a voluntariosa e mítica filha dos O’Hara acaba dando mesmo o seu recado. Na marra, é bem verdade, mas com muita dignidade. Não é preciso chegar a extremos como ela, basta enxergar o quanto de felicidade habita nossas vidas no escuro, esperando pela dádiva de uma descoberta.
Pois é, até o maior dos amores acaba. Até o mais apaixonado dos homens e a mais apaixonada das mulheres cansam de mendigar atenção. A comparação é muito bem-vinda, se analisarmos que o personagem de Gable somente tinha olhos para a donzela em questão, mas, de repente, se dá conta de que nenhum amor vale tanta humilhação, tanta perda de amor próprio, deixando-a, justamente, quando a fulana teve uma iluminação do além que dizia que ele era o amor de sua vida. Talvez, por isso o filme seja o sucesso que é: na busca por entender como um amor que parecia tão sólido morreu, as pessoas acabam se solidarizando, potencializando o drama, procurando assimilar o cinema como tem de ser, poeticamente. O fato é que a voluntariosa e mítica filha dos O’Hara acaba dando mesmo o seu recado. Na marra, é bem verdade, mas com muita dignidade. Não é preciso chegar a extremos como ela, basta enxergar o quanto de felicidade habita nossas vidas no escuro, esperando pela dádiva de uma descoberta.
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