Sempre me perguntei/pergunto como se passa do estágio de mero simpatizante para fã irrefutável de alguma banda, autor, whatever. Como? Alguém tem a resposta? Pois, dia desses, ouvi o inteligentíssimo Thedy Corrêa afirmar, em uma entrevista, que se descobre o valor do fã verdadeiro, quando o dito-cujo devora sites de notícias sobre a banda amada. Ou quando, a três meses do lançamento do novo álbum, as letras já se perpetuam, há semanas, no seu inconsciente. Pra ele, basicamente, trata-se disso: um exercício simples de fidelidade.
Considerei sua observação muito genuína e, de fato, concordo com a essência de suas palavras, porém, me descobri uma droga de fã. Justo eu, que sempre pensei distribuir a maior devoção do mundo a pessoas interessantes das artes em geral. Onde foi que eu errei? Não creio que estava tão equivocada quanto ao meu conceito sobre a íntima relação que une fanáticos e o objeto de admiração. É fato que não coleciono vinis (até porque, sejamos condescendentes, nasci em 1989, né), muitos shows aos quais gostaria de ter ido, só visitei em sonho e não compro CDs de forma indiscriminada (maldita era de Ares e afins). Entretanto, ouso defender que o grau de fanatismo percorre caminhos mais abstratos que o simples ato de fazer parte de um fã-clube. Há mais demonstrações aí que podem me salvar do rótulo inglório de poser - título com o qual, o vocalista do Nenhum de Nós me fez sentir batizada.
Ser fã é, antes de qualquer coisa, um processo que nem se consegue explicar. E isso vale para qualquer caso. Alguma seguidora histérica de Justin Bieber saberia fundamentar o porquê de tanto amor em seu coração juvenil por aquele adolescente franjudo? Talvez, ela tentasse, mas, certamente, ia acabar no clichê: “ai, ele é tão fofo”. E isso não é resposta que se apresente, logo, acabaríamos sem credibilidade – ela e eu.
Particularmente, tento racionalizar: “mas essa criatura, além de morta, Bruna, nem sabe que tu existe”. Adianta? Impossível. É só pesquisar algo sobre a vida, sobre a carreira ou sobre os percalços da criatura, que acabo arrebatada, novamente. O fã é isso. É identificação gratuita, é se sentir parte do processo de criação do artista. É ter a certeza de que “aquela” letra foi escrita para ele e ninguém mais. É sentir uma extrema simpatia por eles e por suas histórias, mesmo não comprando seus CDs, DVDs e viajando horrores, para vê-los cantarem suas misérias em São Paulo. E a profusão desse sentimento, vocês sabem, não se explica, simplesmente, acontece.
Não me considero menos fã do Queen, que alguém que viu a banda, no Rock in Rio de 1985, realizado no Brasil, por exemplo. Para falar a verdade, só tenho os Queen Collection 1 e 2, lançados, respectivamente, em 2007 e 2008. Contudo, sou capaz de cantar, exaustivamente, verso por verso, “Bohemian Rhapsody”, com todos os seus solos e gritinhos operísticos, mesmo correndo o risco de levar um ovo na cabeça. Vai dizer que isso não é coisa de fã?
Muito amor!
Muito amor!
Comentários