Pensei muito antes de começar essa crônica. Ora, por imaginar que minhas palavras aqui no blog deveriam abordar - sendo eu estudante de jornalismo e eterna revoltada - essencialmente, catástrofes mundiais e minha opinião a tiracolo. Ora, por ficar titubeando e tentar esquecer uma situação chata que me ocorreu, há alguns (vários) dias, e que cogitei retratar aqui. Mas querem saber? Falarei, sim, sobre o malogro dessa criatura que vos fala no exercício de se equilibrar em um cretino salto anabela. Quem nunca pagou um mico na vida que atire a primeira pedra.
O fato é que a cena que serve de mote para essas lamúrias femininas, realmente, aconteceu. Ou seja, mereço reverência eterna por mandar o ego às favas e dividir com vocês a narração desse momento, em que desejei ir para a Tanzânia só com passagem de ida. Porém, antes de eu, finalmente, contar como tudo aconteceu, sinto-me obrigada a deixar uma questão no ar: o que fazem vocês, mulheres, ao tropeçarem na frente de várias pessoas, sedentas por rirem da cara de alguém desavisado? Reflitam e depois me mandem e-mails de apoio.
Estava eu, deslumbrante e cheia de boas intenções, com minha sandália do demônio, dirigindo-me à sala de aula, até que cheguei ao ponto crítico de toda mulher que está montada no glamour: uma calçada com vãozinhos maliciosos. Não hesitei e segui meu rumo – mal sabia o que me aguardava. Entretanto, bastou um segundo de distração, leia-se loiro atlético com potencial, para eu “virar o pé” e chamar a atenção de grande parte dos transeuntes que prestigiavam uma apresentação cultural no pátio da universidade. Senti o rosto enrubescer, o orgulho diminuir, a raiva por ser tão pateta aflorar, os insensíveis comentando a minha total falta de intimidade com a plataforma e nem pude olhar para trás. Fiquei, por segundos, mortificada.
Dramalhão mexicano à parte, o fato é que, realmente, é um “angu” passar por um ridículo desses. Mas, refletindo sobre o assunto (eu sempre reflito), me dei conta de que a gente só se importa se quiser. Deixar-se afetar por uma banalidade assim é sintoma de que algo não vai bem, de que a confiança em si mesma deve ser reafirmada. Todas caem. Todas se deparam com pisantes do mal, em algum momento da vida. A diferença está naquilo que se faz, depois de levantar e constatar que ainda há vida para ser vivida.
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