Vocês viram que a cantora Anitta disse que os homens não estão assim tão interessados nas mulheres mais, pois elas ''dão muito em cima deles'', né? Claro que viram, óbvio que viram, quem não sabe de alguma coisa hoje em dia? Nas minhas timelines, já choveu textão - ah, o textão! - sobre o assunto, e a vida seguiu. Done.
Sabe, há alguns anos, eu, com minha criação do jeito que o status quo gosta, teria aplaudido mentalmente as palavras da funkeira, que foi catapultada à fama há pouco mais de um ano e meio. Porque, lógico, recompensas vêm àquelas que se comportam, certo? Ser uma menina boazinha vai me garantir um príncipe montado num pangaré. Quanto mais recatada e santa eu for e mais pano minhas roupas tiverem, mais pontos estarei ganhando com algum lindo por aí que anda me observando, certamente. Credo, que mentalidade tirana essa. Dá pra acreditar que as mamães ainda estão passando esse ensinamento às meninas? Estou longe de ter tido uma educação repressora, uma tipo à da Carrie, a estranha, mas essa novelinha do ''se dar ao respeito'' muito passou na minha televisão juvenil. ATÉ HOJE, eu escuto e olha que eu tenho 25 anos. A gente cresce ouvindo essa ladainha. ''Não vai querer ficar falada, né?'' "Olha os modos''. É o hit parade de uma geração inteira de cromossomos XX. Em vez de educarem as meninas para serem donas do próprio destino e fazerem-nas seguras para suas verdadeiras ambições, blá blá, inconscientemente muitas genitoras querem mais é que elas sejam dignas do amor e admiração masculinos. Porque isso as fará premiadas pela vida. Isso fará com que sejam diferentes daquelas ''vadias'', quando, bem no fundinho, todas querem é ser felizes. Percebem como o ônus fica todo para nós? Ainda se alimenta - e muito - essa cultura nojenta de que os homens é que escolhem, quando o grande fato é que eles não têm que apitar nada na nossa vida amorosa. Não é para criar animosidades, até porque prezo muito pelo sexo oposto (rs), mas, sei lá, buscar criar um debate, tentar colocar na cabeça das pessoas que nossas vidas pessoais não têm que figurar nos jantares de família e serem motivo de plebiscito.
Olha a Bruna amargurada falando contra o amor. Já tô lendo alguns pensamentos aqui de antemão. Mas, enquanto isso, eu presencio namoros abusivos em que não existe diálogo. Namoros escrotos em que fulaninho é quem dá a palavra final sobre a roupa da fulaninha, em que a menina está com o cara claramente para fugir de julgamentos, pois é possível que ela não tenha tido uma amiga para lhe dizer que estar com um cueca não faria dela um ser humano merecedor de mais respeito.
É uma cultura tão desgraçada que nem sei presentificá-la em minha própria mente. Só sei que é uma libertação diária. As meninas definitivamente não podem achar que a fala da Dona Poderosa está certíssima e seguir cantando aqueles versos ridículos que falam sobre inimigas e o escambau. A gente precisa se ajudar nisso.
Ah... os namoradinhos vão bem, titia. Estão todos na sex shop da esquina.
Auxiliou no post:
Milhas e milhas - Ira!
Milhas e milhas - Ira!
Comentários