Pular para o conteúdo principal

Guardem segredo

         Não sou muito partidária de fazer posts temáticos. Sabem? Dia daquilo, dia daquele outro... acho pouco original, sem falar que, para mim, dia do ser humano é todo dia. Sempre é válido homenagear anônimos, conhecidos, amigos e afins pela diferença que fazem em nossas vidas. Mas abro exceções, lógico, não sou inflexível - na real, o que trago na caixa torácica é manteiga derretida pura - por isso, em virtude da data alusiva aos pequenos, resolvi falar um pouco sobre o universo das crianças.
         Mas, peraí, esqueçam questões pragmáticas e de cunho elucidativo. Vim falar mesmo é sobre meu período de criança. Eu sei que acontece com vocês do mesmo jeito: basta relembrar a fase em que só estudávamos, olhávamos desenhos incríveis na TV, fazíamos umas artes medonhas e não víamos a hora de crescermos, para as lágrimas ensaiarem uma descida básica pelo rosto. Falando nisso, por que diabos nos tornamos "grandes"? Grande porcaria essa que nos aguardava, né, não? Se soubéssemos o tamanho da encrenca pela qual pedíamos, ávidos, com certeza daríamos um jeito de calar a boca e trazer mais gente para brincar de esconde-esconde, com direito ao mico clássico de fim dos trabalhos - mães gritando, esbaforidas, para a galera mirim entrar pro banho ou a casa ia cair.
          Claro, sei que nem todos tiveram a sorte de viver uma fase bacana, regada a estripulias, brinquedos e poucas preocupações. Infelizmente, há muitas crianças por aí, vivendo como adultos, perdendo a essência cada vez mais cedo e sendo tragadas pelos vícios, pelo trabalho escravo, pela prostituição e pela própria miséria existencial - que trapaceia a todos sem dó nem piedade. Sei disso e lamento, pois tive o privilégio de ser uma cria, na mais correta acepção da palavra: cozinhei pratos magistrais no meu fogãozinho de sucata, customizei modelitos baphônicos para as minhas barbies lindas (modéstia à parte, eu daria uma baita estilista. rs), ralei os joelhos milhares de vezes, ao bancar a atleta de interséries, escalei árvores bem ao estilo Amyr Klink de ser, entre outras façanhas que eu guardo como relíquias pessoais.
           Não sei por vocês, mas eu sigo disciplinada, cultivando alguns hábitos tidos como infantis. Dou muita risada fora de hora, leio meus gibis bestas da Turma da Mônica, assisto aos meus personagens preferidos até enjoar, além de procurar, sempre que possível, emprestar um olhar mais doce às coisas que eu presencio por aí - tudo para não endurecer de vez nesse mundinho, vulgo "selva". No fundo, acho que nunca cresci. Guardem segredo: tô é fingindo, todos os dias, que não quero sair correndo atrás da minha casa na árvore imaginária.

                             Em algum bailinho de carnaval dos anos 90

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive