Pular para o conteúdo principal

Sobre "Ratatouille"

           Já deveria ter escrito algo a respeito de Ratatouille e esse fascínio que causa em mim, mas só hoje levei o impulso adiante. Pois então, digo que ele é uma delícia, é uma lição de vida, é uma graça, é charmoso, é inteligente, é bem roteirizado, é mais que uma animação e muito mais que um filme "de bichinho" para distrair numa tarde chuvosa. Quando a ótima Isabela Boscov afirma que se trata de “uma odisséia com um rato”, não há exagero: há um fato irrefutável. Rémy e suas peraltices com os ingredientes são um soco filosófico na boca do estômago, seguido de recuperação lenta. Muito lenta.
           Não sei se vocês já viram, gostaram ou tiveram vontade de jogar o DVD no lixo, após os créditos aparecerem na TV. Só penso que, se houver ainda um pouquinho de sonho latejando em vossos corações, será impossível não se envolver com a saga do tal Rémy na busca de vencer na Paris dos grandes chefs. Tudo é tão bem arquitetado, que - como também diria a crítica de cinema – não se consegue achar estranho um rato dentro de uma cozinha. Bom, falo por mim: não achei estranho, achei lindo. Tive vontade de ninar aquele adorável roedor, proveniente do submundo do esgoto parisiense, e adotá-lo como meu amigo, meu filho, meu chef particular. Impossível não amar.
           Ainda que eu seja louca da vida por desenhos, confesso não gostar muito de filmes com essa temática. Porém, sempre há as exceções. E essa história despretensiosa e meio amalucada sobre um ratinho simpático que deseja cozinhar e ser feliz me fez sentir ternura profunda. Nem falemos da trilha sonora, que é igualmente uma delícia, assim como todo o encadeamento de ideias – um prato cheio para quem gosta da sempre aconchegante música francesa. Enfim, há uma química muito particular em toda a sequência e em seus núcleos paralelos, que contam com mistérios sobre paternidade, amor que nasce entre colegas de trabalho e um crítico gastronômico amargurado, cuja alegria parece ser infernizar a vida alheia. Emoções fortes, meus caros, só digo isso.
            O fato é que o filme ensina. É humano e extremamente feliz no seu propósito de mostrar como as coisas podem ser possíveis e em como perdemos tempo, achando que não vamos conseguir. Basta aparecer essa figurinha genial, meio vesga e cheia de si, bolando mil estratégias, a fim de realizar o desejo que move sua singela existência, para nos deixar com a cara no chão. Sem falar na espécie de admiração irresistível que ocorre pela trama e vontade de vencer a qualquer custo, tal qual o cozinheirinho fã de queijo, assim que o fim invade a tela. E pensar que eu, há três anos, ia devolver essa epopeia à locadora, sem assistir? Bendita hora em que eu extrapolei o prazo de devolução e fui obrigada a pagar mais uma diária.


        






Comentários

Mr. Gomelli disse…
olha... eu não ia mais comentar nos textos antigos, porque ia esperar os novos e tal...

mas ver um texto sobre o Ratatouille e não comentar seria um erro...

esse filme, com pra muito é só mais uma animação, é, como bem salientou, uma lição de vida.

Preconceitos não levam a nada... é isso que ele me diz...

sou muito fã, olho sempre que posso e não me canso... hehe...

pronto, agora vou esperar por textos novos (se não encontrar outro que me "obrigue" a comentar)... abraço ae =)
Bruna Castro disse…
HAUEHIAHEAUEHAUEHAI tô adorando teus comentários! Cara, eu sou fascinada por esse filme... acho de uma sutileza ímpar.
Ah, curti muitos textos do teu blog também, viu? HAUEHAUEHAU só q não consigo te seguir de volta... ;*
Mr. Gomelli disse…
tinha um erro ali...

"...esse filme, QUE pra muitoS é..."

valeu por conferir... nem esquenta... hehe

Postagens mais visitadas deste blog

5 ANOS DE BLOG - PARTICIPE DA PROMOSHARE

Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima:                         #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n

Família Felipe Neto

Eu já queria falar sobre isso há um bom tempo, e, enquanto não criar vergonha nessa cara e entrar num mestrado para matar minha curiosidade de por que caralhos as pessoas dão audiência para pessoas tão bizarras e nada a ver, a gente vai ter que escrever sobre isso aqui. Quando eu falo ''a gente'', me refiro a mim e às vozes que habitam minha cabeça, tá, queridos? Youtubers... youtubers... sim, Bruna, está acontecendo e faz tempo. Que desgraça essa gente! Ó, pai, por que me abandonaste? Quanto tempo eu dormi? Estamos vivendo uma era de espetacularização tão idiota, mas tão idiota que me faltam palavras, é sério, eu só consigo sentir - como diria o fatídico meme . Não tem a mínima condição de manter a sanidade mental, querendo estudar, trabalhar, evoluir quando pegar uma câmera, do celular mesmo, sair falando um monte de merda e enriquecer com isso ficou tão fácil. Vamos usar um case bem ridículo aqui? Vamos.  Dia desses, esta comunicóloga que vos fala, fazendo suas

Flores no lamaçal de creme de avelã

Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive