Às vezes, não é nem o caso de estar apaixonada pelo cara;
é mais um exemplo daqueles pensamentos inconvenientes, hit parade da massa cinzenta, tipo “preciso passar no banco para
encerrar minha conta” – que aparecem de hora em hora, por falta de algo mais
interessante ou mais “pensável”. Na ausência de novidade consistente na vida,
ele vai ficando, ficando e fixa raízes. Quando vê, a criatura ficou, grudou. E
você lá gastando preciosos segundos de vida, pensando. Bem puta, bem raivosa,
bem estafada, bem enojada do seu inexistente controle emocional, mas - ainda
assim - pensando. Maldito gerúndio. Bem, maldito até que algo mais atrativo apareça,
pois - não se enganem - sempre aparece. Enquanto houver feromônios, aparecerá.
Como aparecem também as fases de escutar Phil Collins, balbuciando as letras na
madrugada em um profundo estado de autopiedade e catarse. É bem verdade que
nessas noites insones sempre rolam umas descobertas, naquele esquema “creio que
realmente não me conheço’’, pois o susto ainda permanece entranhado. Então lá
vai. Vou falar pausadamente para digerir junto com a plateia: eu não tenho saco
para trovas. Eu. Não. Tenho. Saco. Metafórica e literalmente falando, claro. O
fato é que eu não tenho saco para o exercício da trova amorosa, e isso me
assusta, porque, oras, todo mundo tem saco para trovas na sociedade. Quem não
gosta de ser trovado? Que tipo de alien soy
yo? (aqui cabe um adendo: se você não é do sul, “trova’’ lê-se “flerte”,
ok, forasteiro?) Eu penso que a trova é mentirosa, ainda que seja um eficiente
catalizador de autoestima. O carinha que chegou elogiando meus textos, mas
levou um forão agridoce e não disse mais nada sobre uma vírgula sequer que
escrevi, não me deixa mentir. Depois da minha negativa, ficou evidente que ele
pouco se fodeu para as minhas investidas literárias. Tudo começa com a trova, e
é aí que reside minha desgraça, pois tendo o desprazer de me interessar por um
forasteiro, só através dela talvez possa receber a atenção pela qual anseio.
Será que existe flerte digno e incorruptível? Já diria o Nasi que o tal flerte
é fatal, filhinhos. Fatal, fatalíssimo, e ainda tem um manual secreto, não?
Compartilhado por meia dúzia de mortais cheias das artimanhas e donas de todo o
charme existente na Terra – e que, não contentes, ainda formam uma sociedade
secreta de como sensualizar sem perder a classe. Antigamente, eu levava super a
sério essa lavagem cerebral que as revistas femininas vendem às discípulas, mas
hoje eu só posso rir. Primeiro, porque já tentei seguir algumas instruções e me
senti uma retardada mental - como se eu já não me sentisse assim sem ler os dez
passos rumo à conquista do homem perfeito da página 45. E, segundo, porque eu
realmente não sei flertar. Eu sou péssima em joguinhos, ohhh my god, eu não sei
flertar. Eu demonstro interesse, quando quero dispensar. Eu dispenso sem
querer, quando o que quero é pular no pescoço da criatura (aliás, aqui, cabe
outro adendo: embora esteja super na moda, eu não sou vampira, ok). Eu sou um
desastre romântico. E um desastre que escuta Phil Collins ainda, pobre de mim.
Sabe, Martin Luther King Jr. tinha um sonho e eu tenho o meu: eu só queria que
as coisas fossem mais espontâneas, como uma espécie de Código Morse do olhar
que faria com que não gastássemos latim com flertes imbecis para aplacar a
raposa da solidão. Eu só queria que, em vez de sair trovando adoidado, a gente já fosse se
reconhecendo sem precisar dizer nada, entendem? Ah, e o sonoplasta até poderia
tocar alguma do Phil, vai.
Hoje, nós da empresa, completamos 5 anos de blog. Vamos dar o play para entrar no clima: #POLÊMICA: sempre preferi o parabéns da Angélica em vez de o da Xuxa. O que não quer dizer que eu ame a Angélica, claro, por mim ela pode ir pra casa do caralho. ENFIM, VAMOS CELEBRAR! 5 ANOS DE MERDA ININTERRUPTA AQUI! UHUL, HEIN? Era 22 de dezembro de 2010, estava euzinha encerrando mais um semestre da faculdade de Jornalismo, meio desgraçada da cabeça (sempre, né), entediadíssima no Orkut, quando finalmente tomei coragem e decidi dar a cara a tapa. Trouxe todas as minhas tralhas para o Blogspot e a esperança de mudar alguma coisa. Infindáveis crônicas começaram a ganhar o mundo e a me deixar mais desgraçada da cabeça ainda: sei lá, escrever é uma forma de ficar nua, de se deixar analisar, de ser sincero até a última gota, e isso nem sempre é bom negócio. Mas, enfim, felizmente tenho sobrevivido sem grandes traumas - mas não sem grandes catarses, por isso esse n
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