SE BEBER, NÃO DIRIJA
SE CHORAR, NÃO POSTE
Foda-se. Vamos lá. Eu sou um tipo desgraçado de entender. Eu nunca tive compreensão. Eu simplesmente não deveria existir do jeito que eu existo, mas cá estou, entregue à teatralidade miserável da vida real.
QUE TE DEIXA SEM FONE DE OUVIDO NA ENCRUZILHADA CONVULSIONADA
SEM FONE, SEM CARINHO, SEM LENÇO, SEM DOCUMENTO
A droga do fone simplesmente esfacelou-se dentro do meu bolso, como que por encanto. Deve ter sido no momento em que eu, muito provavelmente, me debulhava em lágrimas, honestíssimas lágrimas. Ai, fone, por que tão sorrateiro? Por que me deixaste, oh, pequenino e empoderador ser? Sem você, a catarse não é a mesma. Sofrer sem trilha sonora é o pior dos castigos. Chorarei também pelo fone derramado.
Fui ferida, porque viver é se ferir. Acho curioso quando no meio de um embolamento de ideias que não se reconhecem, alguém solta um ''tu é louca'', a fim de desestabilizar a outra parte e entregá-la ao pavor de talvez não reconhecer suas demandas como sendo legítimas. Acho curioso, mas só para ficar mais bonitinho no texto mesmo. Eu acho é cruel. É desumano, se me permitem acompanhar meu emocional em frangalhos. O ônus dos turbilhões sentimentais com pernas e coração é que, ainda que escrevam coisas maravilhosas, obrigada, convivem com a descredibilização constante. Pobres seres que não se encaixam no mundo dos controlados. E lúcidos, claro, porque os lúcidos são sempre os outros.
Não, eu não sou louca - e isso é realmente um momento de ensinamento. Eu sou é muito sã. Não caio mais nessa. Quantas vezes fui denominada como tal e fiquei tateando no escuro para encontrar o que julgavam errado em mim? Muitas, incontáveis... dolorosas buscas. Mas agora minha loucura, essa loucura, é abraçada, é acolhida. Como eu não fui. E possivelmente nunca serei.
Auxiliou no post:
A matter of feeling - Duran Duran
Comentários