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Bons tempos

''Até tou começando a crer que quem ama precisa sair colando cartazes desse amor nas paredes realmente." 

''Até tou começando a crer que quem ama precisa sair colando cartazes desse amor nas paredes realmente." 

Como boa blogueira pernóstica, faço reflexões de minhas próprias reflexões. Tem dias em que eu me levo a sério demais, e hoje é um deles. Quanto de verdade tem na assertiva acima? Fiquei pensando sobre, pois o fato é que, hoje em dia, há certa necessidade de se fazer ouvir. Vivemos uma era de urgência, em que só tem verdade o que é gritado, esfregado na cara, marcado na pele. Parece que intensidade não combina com silêncio. E lá vamos fazer coro à agonia de falar, falar, falar. Falar e ser mal interpretado. Falar e não ser escutado. Falar como se estivesse dopado. Os discretos riem, pois amam, sentem e falam em silêncio - talvez bem mais que nós. Só ama quem diz todo santo dia que ama? Só é feliz quem escancara fotos sorrindo a cada atualização de status? Só protesta quem sai à rua? Só se indigna quem xinga? Só sente quem chora? Só se importa quem luta? Só homenageia quem tatua? Só fala a verdade quem olha nos olhos? Só concorda quem diz sim? Só argumenta quem discute? Só explica quem critica - nervosa e incessantemente? A gente não sabe, mas perdeu o dom de ficar quieto. Acho que eram bons tempos.







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Tenho feito um severo exercício de autocrítica nos últimos tempos - exercício esse que, somado a um problema pessoal bem pontual, me deixou sem tesão algum de escrever. Mas voltei para uma transadinha rápida e certeira. Um mea culpa inspirado nos velhos tempos - desta vez sem o deboche costumeiro. Realmente quero me retratar. H á alguns meses, q uando escrevi, estupefata de indignações diversas, sobre youtubers, eu nunca estive tão certa do que escrevia. Sigo achando que o Youtube amplificou a voz dos imbecis e vem cooptando principalmente crianças a uma sintomática era da baboseira - entre trolladas épicas envolvendo mães e banheiras cheias de nutella , criou-se um nicho bizarro cujo terreno é a falta de discernimento infantil infelizmente. Só que foi aí que residiu meu erro: reduzir a plataforma a um lamaçal de creme de avelã - e nada mais. Não me ative ao fato de que ali coexistem muitos canais interessantíssimos sobre os mais diferentes ramos do conhecimento hum ano , inclusive

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