Eu tinha 14 anos e nada pra fazer. E numa manhã de aula cabulada da oitava série, me caiu às mãos, um Jean Valjean ferido pela sociedade e toda aquela história que acabou de ir aos cinemas. "Os Miseráveis" foi o primeiro livro que, de fato, li - aliás, não leio em francês (dãr), o que foi folheado por mim, durante alguns dias, foi uma adaptação muy digna, escrita pelo noveleiro Walcyr Carrasco - fato que, creio eu, não desprestigia o ato em questão. Enfim, mesmo sem ter noção nenhuma de romantismo francês (um pouco da efervescência francesa do século XIX, eu tinha, vá lá), caí de joelhos perante a humanidade contida naqueles parágrafos. Fui arrebatada para todo o sempre. O líder tenentista Prestes disse, certa vez, que sua concepção de ''mundo'' foi abalada quando entrou em contato com o tal capital, do Marx. Pois a minha, indiscutivelmente, foi mudada através da saga dos miseráveis sonhadores.
Acho que foi ali que vi que gente é gente em qualquer lugar do mundo. Sou um Gavroche cantando e correndo contra a profusão de balas que insistem em me atingir. Escolha seu papel.
Acho que foi ali que vi que gente é gente em qualquer lugar do mundo. Sou um Gavroche cantando e correndo contra a profusão de balas que insistem em me atingir. Escolha seu papel.
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