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Da série: diálogos agridoces

LITERATURA CLICHÊ E BABADO


- Como nunca te vi aqui, guria?
- Ah, eu tô sempre aqui...  hum.. er, e tu tão interessante... não me diz que é do babado... sim?
- Sou quase uma advogada, gata! (aff, sabia) E tu faz o quê?
- Sou jornalista.
- Ah é? Mas com diploma, né, baby?

(risos)

- Mas é ca-la-ro, querido.

(mais risos)

- Ui, jornalista, pois quero ver se tu manja de literatura. Aliás, tu tem blog?
- Quem não tem blog? Eu sou um clichê ambulante, meu filho. Tenho blog, quero mudar o mundo e ganho mal. Ai, essa música é boa, escuta...
- Boa, mas tão 2008, né...

(risos)

1 HORA DEPOIS

- Anda, me fala já. Literatura russa, já leu?
- What? Quê? Cuma?
- Recita algum autor, quero ver se tu sabe...

(risos)

- Olha, já dei uma olhada em Dostoiévski, Noites Brancas, Irmãos Karamazov, não lembro bem... não é dos meus preferidos, só dei umas folheadinhas
- Então me fala de Borges!
- O argentino?
- Esse. Recita algo dele.
- Nunca li.

(risos)

- García Márquez?
- Deixa eu ver, Memórias de minhas putas tristes é um livro tocante. “Não vá morrer sem experimentar a maravilha de trepar com amor...’’ é uma frase............

(risos)

- Cem anos de solidão?
- Blergh.
- Mas é um Nobel...
- Estoy cagando.
- De que tu gosta, de verdade?
- Modernismo... Vinicius, Geração de 45...
- Ah, tipo Fernando Pessoa?
- Fernando Pessoa não é modernismo. Não o nosso, ao menos, gata.

(risos)

- Curto Os Miseráveis...
- Ai, muito clichê, diz outro.
- Ué, só porque tá na droga do cinema? Nem vem destruir meu livro, nãããão.
- Ai, tá bom, entendi... tu se achou meio Fantine, né, amiga?

(risos)

-Sim, eu sou prosti. Vai um programinha aí?

(risos)



                                   Mas é cada um que me aparece, hein, Fiódor???????







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