Nessa era obscura em que redes sociais nos intimam, de maneira irritante, a definir o que somos, o exercício da descrição chega a ser uma parábola para mim. Acho um saco essas tentativas de definição, além de preguiçosas e inúteis. Penso que a gente nunca é uma coisa só. Tentamos ser cúmplices de nós mesmos, mas muitas vezes ficamos reféns das circunstâncias. Escapamos, ilesos, ainda que meio desorientados, habitando um universo à parte, e torcendo por compreensão alheia. Somos pedaços, somos impressões, somos insuportáveis para quem não nos conhece - e mais ainda para quem nos acompanha desde sempre. Somos aquilo que, como diria a Marthinha da elite, ninguém vê.
Ainda que o fato de falar disso provoque meus olhares desconfiados, me sinto profundamente intrigada: trata-se de um grande mistério da humanidade, hein? Os dogmas da igreja católica ficariam no chinelo, se comparados com o que nós, os humanos, trazemos na cabeça, no coração, arraigado na vida toda, nas relações pessoais e afins. Quando falamos que somos complicados, não estamos fazendo charminho: talvez até estejamos sendo econômicos na afirmação. É uma complicação meio instintiva, não há nada de maquiavélico na coisa. Somos milhões de issos, trajando um bonézinho com um ponto de interrogação. E será assim por mais um zilhão de anos.
Quantos de nós já não deitaram a cabecinha no travesseiro, à noite, e sentiram o cérebro fritar à procura de certezas, respostas, terra firme para poder pisar? Acontece com todos, somos brothers de jornada e de experiências que se cruzam. Uns mais discretos, outros mais efusivos, mas igualmente viajantes do mesmo barco. Tentar definir é perda de tempo, só provoca sofrimento. Você ama andar de montanha-russa, mas padece de medo irracional de avião. Detesta demonstrações de imaturidade, mas só dorme de luz acesa. Ninguém é totalmente mau, totalmente diplomático, totalmente altruísta - há vãos na personalidade de cada um que dispensam rótulos e permanecerão assustando, conquistando, repelindo e acorrentando quem estiver pelo caminho.
Somos tudo e nada. Somos a lascívia do rock n' roll e a candura da bossa nova. Somos doces e azedos. Somos meio psicólogos, meio médicos, meio feiticeiros, meio boêmios, meio poetas, meio Mae Wests e Al Capones. Nunca é uma coisa só. Cada um tem seu ponto fraco, seu baú de dores, seu sorriso secreto, seu espetáculo ensaiado. Nós, os humanos, somos assim, porque somos. Porque a vida nos fez assim. Ou porque os sonhos não deram certo. Ou porque apanhamos tanto que perdemos a capacidade de acreditar em dias melhores. Ninguém sabe ao certo, nem eu. Somos o que somos, porque, no fundinho, há razões para isso... mas aí já é outra história.
Ainda que o fato de falar disso provoque meus olhares desconfiados, me sinto profundamente intrigada: trata-se de um grande mistério da humanidade, hein? Os dogmas da igreja católica ficariam no chinelo, se comparados com o que nós, os humanos, trazemos na cabeça, no coração, arraigado na vida toda, nas relações pessoais e afins. Quando falamos que somos complicados, não estamos fazendo charminho: talvez até estejamos sendo econômicos na afirmação. É uma complicação meio instintiva, não há nada de maquiavélico na coisa. Somos milhões de issos, trajando um bonézinho com um ponto de interrogação. E será assim por mais um zilhão de anos.
Quantos de nós já não deitaram a cabecinha no travesseiro, à noite, e sentiram o cérebro fritar à procura de certezas, respostas, terra firme para poder pisar? Acontece com todos, somos brothers de jornada e de experiências que se cruzam. Uns mais discretos, outros mais efusivos, mas igualmente viajantes do mesmo barco. Tentar definir é perda de tempo, só provoca sofrimento. Você ama andar de montanha-russa, mas padece de medo irracional de avião. Detesta demonstrações de imaturidade, mas só dorme de luz acesa. Ninguém é totalmente mau, totalmente diplomático, totalmente altruísta - há vãos na personalidade de cada um que dispensam rótulos e permanecerão assustando, conquistando, repelindo e acorrentando quem estiver pelo caminho.
Somos tudo e nada. Somos a lascívia do rock n' roll e a candura da bossa nova. Somos doces e azedos. Somos meio psicólogos, meio médicos, meio feiticeiros, meio boêmios, meio poetas, meio Mae Wests e Al Capones. Nunca é uma coisa só. Cada um tem seu ponto fraco, seu baú de dores, seu sorriso secreto, seu espetáculo ensaiado. Nós, os humanos, somos assim, porque somos. Porque a vida nos fez assim. Ou porque os sonhos não deram certo. Ou porque apanhamos tanto que perdemos a capacidade de acreditar em dias melhores. Ninguém sabe ao certo, nem eu. Somos o que somos, porque, no fundinho, há razões para isso... mas aí já é outra história.
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