Encerro o mês de novembro com uma homenagem ao saudoso Angenor de Oliveira - ou Cartola, como ficou eternizado - cujo aniversário de morte se dá hoje, dia 30. Tenho fascinação pela história desse homem, que, mesmo tendo origem humilde, trilhou um caminho brilhante na música brasileira. É o tipo de figura pela qual tenho interesse genuíno, uma admiração gratuita, um carinho inexplicável, sem que seja necessário racionalizar. Sentir está de bom tamanho. E Cartola inunda meu coração tímido e boêmio de sentimentos, assim meio que de graça, sabem?
Mais que a doçura de suas canções, o que me instiga mesmo é a trajetória marcada por percalços que protagonizou ao longo da vida - em que sua arte escandalosa conviveu com a mesquinharia e sua genialidade com o abandono. O famoso mangueirense, ainda que compusesse verdadeiras relíquias, foi em boa parte de sua existência, um andarilho, sem eira nem beira, trabalhando em atividades que pouco contemplavam suas habilidades artísticas e vendo seus sambas serem regravados por outros cantores - à época, já de renome no cenário nacional. Não foi uma coisa justa, percebem?
Em um mundo que superestima pessoas com milhões de formações e afins, a inteligência de Cartola no propósito de declamar poesia velha com aura de novidade soa como uma revolução - dessas que seguem vivas no inconsciente popular, mesmo após anos e anos. Ele não tinha instrução, aprendeu seus primeiros acordes sozinho, sem companhia, rabiscava em papéis velhos os versos que arrebatariam gerações mais tarde, e, literalmente, padeceu até desfrutar do prestígio que lhe foi traiçoeiro durante certo tempo. Gravou seu primeiro disco só aos 65 anos de idade, no entanto, quando o fez, foi certeiro: levou consigo meio mundo encantado pelo seu talento.
Lógico, sou suspeitíssima para falar qualquer coisa, já que tenho profundo respeito pela memória desse artista autenticamente brasileiro e pela sua obra. Mas encho a boca para elogiá-lo, porque, antes de tudo, sou uma apaixonada por gente humilde. E meu ilustre sambista, mais que cultivar humildade, ensinou a cantar o amor e a vida de forma simples e digna - mesmo tendo sofrido tanto ao longo de sua "mocidade", como ele mesmo dizia. Bem no fim, escutá-lo é quase como um gentil convite a agarrar a sabedoria com as duas mãos e não soltar mais. Palavras de uma Cartólatra.
"Eu e meu violão vamos rogando em vão o seu regresso..."
Mais que a doçura de suas canções, o que me instiga mesmo é a trajetória marcada por percalços que protagonizou ao longo da vida - em que sua arte escandalosa conviveu com a mesquinharia e sua genialidade com o abandono. O famoso mangueirense, ainda que compusesse verdadeiras relíquias, foi em boa parte de sua existência, um andarilho, sem eira nem beira, trabalhando em atividades que pouco contemplavam suas habilidades artísticas e vendo seus sambas serem regravados por outros cantores - à época, já de renome no cenário nacional. Não foi uma coisa justa, percebem?
Em um mundo que superestima pessoas com milhões de formações e afins, a inteligência de Cartola no propósito de declamar poesia velha com aura de novidade soa como uma revolução - dessas que seguem vivas no inconsciente popular, mesmo após anos e anos. Ele não tinha instrução, aprendeu seus primeiros acordes sozinho, sem companhia, rabiscava em papéis velhos os versos que arrebatariam gerações mais tarde, e, literalmente, padeceu até desfrutar do prestígio que lhe foi traiçoeiro durante certo tempo. Gravou seu primeiro disco só aos 65 anos de idade, no entanto, quando o fez, foi certeiro: levou consigo meio mundo encantado pelo seu talento.
Lógico, sou suspeitíssima para falar qualquer coisa, já que tenho profundo respeito pela memória desse artista autenticamente brasileiro e pela sua obra. Mas encho a boca para elogiá-lo, porque, antes de tudo, sou uma apaixonada por gente humilde. E meu ilustre sambista, mais que cultivar humildade, ensinou a cantar o amor e a vida de forma simples e digna - mesmo tendo sofrido tanto ao longo de sua "mocidade", como ele mesmo dizia. Bem no fim, escutá-lo é quase como um gentil convite a agarrar a sabedoria com as duas mãos e não soltar mais. Palavras de uma Cartólatra.
"Eu e meu violão vamos rogando em vão o seu regresso..."
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