Pensei muito. Hesitei. Fui dar uma volta. Retornei e finalmente decidi ligar para o acaso - só porque ele falou que não tinha problema, eu poderia telefonar quando quisesse. Ou será que entendi errado?
- Alô, é da casa do acaso?
- É ele. Quem fala?
- Hum.. err.. é a Bruna. Tá lembrado da magrelinha hiperativa, fã de polainas?
Ele, muito surpreso com a ligação - nunca pensou que a dona teria audácia de ligar - assentiu com a cabeça, meio estafado, meio com vontade de desligar... como esquecer daquela moça, a personificação das urgências? Não havia como. Estava lascado.
- Sei, sim, de quem se trata. Como vai, chati.. ERR, SUA QUERIDONA?
- Hehe, galã, como acha que eu vou indo? Tô esperando que tu aconteça com toda a pompa e circunstância. Tu me deve algumas cositas...
- Opa, então quer dizer que tu ainda leva fé em mim? Depois de tanta topada na parede, tanta mentira a meu respeito, tanta opinião desse mundaréu de leigos por aí? Estou, no mínimo, espantado.
- Ah, sabe.. não é que eu leve taaaanta fé assim como teu ar presunçoso poderia supor. É fantasia, eu sei, mas não deixo de sonhar que tu, criatura, vai me presentear com algo bom.
- Boa sorte! - respondeu em tom de deboche.
- Pensa que vai ficar só nisso?.. Ihh, peraí, não me deixa falando sozinha, nãããão. Tarde demais.
Esboçando leve animação, fiquei a pensar. Quem sabe ele estivesse tramando algo sensacional para mim, e foi blasé no papo, justamente, para eu sentir o gostinho da surprise mais adiante, néãm? Mas a verdade é que me tratou de um modo risível, como se eu fosse uma porta. Mentira, ele teria sido mais gentil com uma porta - qualquer uma dessas anda tendo mais poder de persuasão que eu. Enfim, tirou com a minha cara legal. Deu corda para eu me enforcar, literalmente. Quem mandou acreditar em acaso, né? Tudo culpa dessas novelas com temática árabe, enfiando goela abaixo histórias fofinhas de maktub e bla bla bla.
Já estava me sentindo a otária do século, por ter ido pedir respostas, mas, pelo jeito, eu precisava me humilhar um pouquinho mais. Sou boa nisso. Engoli a raiva e liguei outra vez.
- Oi, como vai essa vida, acasinho? Me ajuda, pô!
- Vai dormir, Bruna, vai. Tenho gente mais interessante com que me ocupar.
- Filho da mããããe! - devolvi, agora mais fiel ao que se passava dentro de mim.
- Ora, vai me xingar? Tu sabe que não adianta. Quando estiver distraída, eu agirei.
E eu sou o Bozo.
- Alô, é da casa do acaso?
- É ele. Quem fala?
- Hum.. err.. é a Bruna. Tá lembrado da magrelinha hiperativa, fã de polainas?
Ele, muito surpreso com a ligação - nunca pensou que a dona teria audácia de ligar - assentiu com a cabeça, meio estafado, meio com vontade de desligar... como esquecer daquela moça, a personificação das urgências? Não havia como. Estava lascado.
- Sei, sim, de quem se trata. Como vai, chati.. ERR, SUA QUERIDONA?
- Hehe, galã, como acha que eu vou indo? Tô esperando que tu aconteça com toda a pompa e circunstância. Tu me deve algumas cositas...
- Opa, então quer dizer que tu ainda leva fé em mim? Depois de tanta topada na parede, tanta mentira a meu respeito, tanta opinião desse mundaréu de leigos por aí? Estou, no mínimo, espantado.
- Ah, sabe.. não é que eu leve taaaanta fé assim como teu ar presunçoso poderia supor. É fantasia, eu sei, mas não deixo de sonhar que tu, criatura, vai me presentear com algo bom.
- Boa sorte! - respondeu em tom de deboche.
- Pensa que vai ficar só nisso?.. Ihh, peraí, não me deixa falando sozinha, nãããão. Tarde demais.
Esboçando leve animação, fiquei a pensar. Quem sabe ele estivesse tramando algo sensacional para mim, e foi blasé no papo, justamente, para eu sentir o gostinho da surprise mais adiante, néãm? Mas a verdade é que me tratou de um modo risível, como se eu fosse uma porta. Mentira, ele teria sido mais gentil com uma porta - qualquer uma dessas anda tendo mais poder de persuasão que eu. Enfim, tirou com a minha cara legal. Deu corda para eu me enforcar, literalmente. Quem mandou acreditar em acaso, né? Tudo culpa dessas novelas com temática árabe, enfiando goela abaixo histórias fofinhas de maktub e bla bla bla.
Já estava me sentindo a otária do século, por ter ido pedir respostas, mas, pelo jeito, eu precisava me humilhar um pouquinho mais. Sou boa nisso. Engoli a raiva e liguei outra vez.
- Oi, como vai essa vida, acasinho? Me ajuda, pô!
- Vai dormir, Bruna, vai. Tenho gente mais interessante com que me ocupar.
- Filho da mããããe! - devolvi, agora mais fiel ao que se passava dentro de mim.
- Ora, vai me xingar? Tu sabe que não adianta. Quando estiver distraída, eu agirei.
E eu sou o Bozo.
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