Dia desses, me aconteceu uma coisa bem curiosa que me fez (adivinhem!) refletir. Estava eu em um papo aleatório com um colega na faculdade quando, de repente, um amigo - conhecido há mais tempo e com quem eu tenho mais intimidade - veio ao meu encontro. Convidei-o a se sentar e em um segundo nós três já trocávamos ideias, assim como quem não quer nada. Discorremos sobre assuntos variados, partilhamos alguns pontos de vista, discordamos acerca de outros e assim o tempo foi passando sem que notássemos.
Após o time de desocupados ficar desfalcado, comentei com meu velho amigo como a conversa fora produtiva - a essa altura, meu coleguxo já havia encerrado sua participação na prosa - e eis que sua réplica foi uma surpresa para mim. "Achei ele meio estranho" - afirmou. Atentem para a sutileza da frase, pois tal colocação aguçou minhas teorias filosóficas, profundamente. Não sei explicar, mas aquele "estranho" dito com tanta convicção a respeito de uma pessoa recém conhecida chegou a soar insano. Quem já não disse o mesmo? Confessem que vivem distribuindo rótulos por aí, enquanto se acham muito normais...
Foi aí que me bateu uma vontade de medir o nível de "estranhice" da gente enquanto ainda somos meros anônimos aos olhos alheios. Estranhos para quem? Quando deixamos de ser estranhos? Estranhos reconhecem outros colegas de condição? Ou isso é só fantasia? Quem é que outorga quem é estranho e quem é isento desse bônus? Perguntas de uma estranha...
Sei lá eu se há respostas ou verdades absolutas sobre isso. Só sei que, enquanto não nos revelamos, ficamos a mercê de julgamentos prévios. Sempre foi e será assim. Muitas vezes, somos julgados até depois de mostrarmos muito do que somos, imaginem então quando escondemos o jogo. "Fulaninha é estranha." "Ele tem hábitos estranhos." Qual é, povo? No fundinho, a gente sabe que nossas estranhices têm é medo de existir. Atacar as que nos cercam parece ser uma saída mais fácil. Falando nisso, meu estranhômetro acabou de explodir aqui.
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