Eu sou patética. Irrecuperavelmente patética. Tanto, que, depois de um profundo exercício de monopólio do controle remoto (vulgarmente chamado como ato de zapear em frente à televisão), acabei assistindo ao Titanic, pela milionésima vez, em detrimento de tantos outros bons filmes - e para mim inéditos - que passavam simultaneamente. Me consola o fato de que, certamente, uma boa parcela de moças dispostas a chorar por Jack Dawson, novamente, também acabou prestigiando o filme do Sir James Cameron.
Sejam tolerantes, poxa! Existe alguém que consiga ficar indiferente à história, às roupas puídas do Léo DiCaprio, ao amor dele e da Kate Winslet, à magnitude da produção, à adrenalina de imaginar que aquele navio, de fato, afundou e que cerca de 1500 pessoas perderam suas vidas nas gélidas águas do Atlântico Norte? Não, né? Eu, pelo menos, assim que vi estar passando, me senti inclinada a largar o que estava fazendo para acompanhar. E foi o que fiz. É uma das grandes obras-primas recentes do cinema, não se discute. Porém, não vou ficar aqui pagando pau para americano (ignorem as palavras açucaradas já escritas sobre a fita), mas sim utilizar um momento do filme como gancho para uma reflexão. Tentar extrair filosofia de onde, aparentemente, só sai glamour.
Mais para o final, logo após Cal ter atirado diversas vezes contra Rose e Jack, os dois acabam voltando à parte do navio que já está imersa no oceano. Dão mil voltas e acabam encontrando Mr. Andrews, o responsável pela construção do titânico - que agora se vê engolido pelo iminente naufrágio. A moça troca algumas palavras de consolo com o projetista e, em seguida, é mostrado o futuro que aguarda tamanha suntuosidade: louças caríssimas quebradas, a mobília sendo devorada pela água, tudo, tudo, valendo praticamente nada diante de tanto desespero, diante da cruel constatação de que a elegância que pairava nos salões, uma semana atrás, nada mais era que a manifestação da miséria existencial das pessoas que dançavam neles.
Foi aí que me assaltou o pensamento de que o ato de existir é muito mais que o “material”, as picuinhas e todas essas pequenezas diárias que insistem em roubar nosso sono. Principalmente, mais que a superestimação de certos fatos que, analisados de perto, não afetam em nada nossa paz. Minha mente ficou um bom tempo naquela cena, que foi sucedida por outras e outras, até o conhecido desfecho. A imagem do luxo ficando pequeno perante tamanha desolação. Por instantes, senti uma tristeza e fiquei avaliando a quantas andava o meu modo de encarar a vida.
É, não posso negar que a sessão corujão, aparentemente inútil, acabou sendo de muita valia, uma vez que terminei a noite, enternecida pelo drama, jogada no sofá e entregue às lágrimas, vendendo paz e amor numa vibe angelical - ainda que, horas antes, estivesse enfurecida por conta de uma discussão de nível estratosférico. Incrível! Coisas que só um mocinho meigo e congelado faz pela gente.
Sejam tolerantes, poxa! Existe alguém que consiga ficar indiferente à história, às roupas puídas do Léo DiCaprio, ao amor dele e da Kate Winslet, à magnitude da produção, à adrenalina de imaginar que aquele navio, de fato, afundou e que cerca de 1500 pessoas perderam suas vidas nas gélidas águas do Atlântico Norte? Não, né? Eu, pelo menos, assim que vi estar passando, me senti inclinada a largar o que estava fazendo para acompanhar. E foi o que fiz. É uma das grandes obras-primas recentes do cinema, não se discute. Porém, não vou ficar aqui pagando pau para americano (ignorem as palavras açucaradas já escritas sobre a fita), mas sim utilizar um momento do filme como gancho para uma reflexão. Tentar extrair filosofia de onde, aparentemente, só sai glamour.
Mais para o final, logo após Cal ter atirado diversas vezes contra Rose e Jack, os dois acabam voltando à parte do navio que já está imersa no oceano. Dão mil voltas e acabam encontrando Mr. Andrews, o responsável pela construção do titânico - que agora se vê engolido pelo iminente naufrágio. A moça troca algumas palavras de consolo com o projetista e, em seguida, é mostrado o futuro que aguarda tamanha suntuosidade: louças caríssimas quebradas, a mobília sendo devorada pela água, tudo, tudo, valendo praticamente nada diante de tanto desespero, diante da cruel constatação de que a elegância que pairava nos salões, uma semana atrás, nada mais era que a manifestação da miséria existencial das pessoas que dançavam neles.
Foi aí que me assaltou o pensamento de que o ato de existir é muito mais que o “material”, as picuinhas e todas essas pequenezas diárias que insistem em roubar nosso sono. Principalmente, mais que a superestimação de certos fatos que, analisados de perto, não afetam em nada nossa paz. Minha mente ficou um bom tempo naquela cena, que foi sucedida por outras e outras, até o conhecido desfecho. A imagem do luxo ficando pequeno perante tamanha desolação. Por instantes, senti uma tristeza e fiquei avaliando a quantas andava o meu modo de encarar a vida.
É, não posso negar que a sessão corujão, aparentemente inútil, acabou sendo de muita valia, uma vez que terminei a noite, enternecida pelo drama, jogada no sofá e entregue às lágrimas, vendendo paz e amor numa vibe angelical - ainda que, horas antes, estivesse enfurecida por conta de uma discussão de nível estratosférico. Incrível! Coisas que só um mocinho meigo e congelado faz pela gente.
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