Olhava, só olhava - procurava apreender o que nunca havia despertado seu desatino de viver. No entanto, pouco enxergava. Não via familiaridade nas conversas, nos rostos, nos sorrisos - insossos flashes de entusiasmo, levados pelas circunstâncias. Onde estaria o motivo de tanto desencontro? Em alguma gaveta do esquecimento, certamente. Abri-la tornou-se trabalhoso, talvez nem existisse mais chave. Quem sabe...
Foi um minuto de distração e tudo foi perdido, virou rotina. Acostumou-se a olhares sem brilho, perguntas protocolares, falsos interesses, socializações por conveniência, guerras frias e mornidão nas ações. Ainda que isso incomodasse, era previsível. Todos eram estranhos e nunca deixariam de ser. Queria chorar, mas não havia sinceridade. Queria gritar como tudo era banal, mas faltava verdade. Sobrava leviandade.
Se pudesse colocar cada evidência em seu lugar e reescrever cada dia vivido pela metade, possivelmente, o faria. Contudo, uma certeza: nunca pertencera àquele lugar. Nunca estivera ali.
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beijossssss